segunda-feira, 15 de março de 2010


Eu sou Jesus! Dizia Carlos Nunes diante do espelho!

Fiel da igreja Céu de Maria (seguidores do Santo Daime), fundada pelo cartunista Glauco, Carlos via no artista um mentor e ídolo de renome nacional que seria a única pessoa digna para convencer a nação de sua verdadeira identidade.

Fisicamente em nada se parecia com aquele Jesus galante ostentando cabelos de mel e olhos “azuis piscina gelada” que via nas ilustrações religiosas; mas Carlos sabia que aquelas eram apenas alegorias, o verdadeiro Jesus era aquele que via dentro do espelho.

Seus pais e psicólogos bancavam os ignorantes diante de suas afirmações – “malditos fariseus, em breve saberão que o messias por todo esse tempo assistia TV junto a eles.”

Pra que isso fosse provado, foi rumo ao templo, onde também era o lar de Glauco, lá explicaria tudo ao seu mentor e o mundo enfim daria sentido a famosa frase: “Deus é brasileiro”

Depois de uma longa conversa com Glauco, que por mais paciente, não tinha fé naquele novo semideus que se declarava. Carlos Nunes não compreendia como uma mente tão elevada como a do artista não enxergava a dádiva que estava tendo. Mas diante do desafio da prova, convenceria Glauco de que Jesus estava em sua casa. “Morrerei por vocês”

Sacando um revolver, Carlos, ou melhor, Jesus, como agora impunha ser chamado ou dispararia a arma, apontava o cano para a própria cabeça. “Me chamem de Jesus!”A família de Glauco ao ouvir os gritos corre para fitar o messias.

“Chamem-me de Jesus!”

“hoje vou morrer para salvar todos vocês!” - no instante em que apertava o gatilho, Glauco com suas mãos precisas de desenhista interrompe o suicídio. Mas furioso,Carlos se afasta e puxa o gatilho, não em sua cabeça, mas na direção de Glauco.

“Jesus salva, mas também mata” – era o que diria em tom grave e profético caso o filho de Glauco, Raoni não tivesse atacado o agora assassino.

Mais um tiro é disparado... Raoni está no chão, a poça de sangue se espalha pelo carpete.

Diante da situação não planejada, Carlos foge enquanto mãe e filha em estado de choque choram impotentes.

Perto do corpo de Glauco, a caneta nanquim que, na confusão foi ao chão, escorre a tinta que outrora deu VIDA a tantos personagens - lágrimas negras, lágrimas de MORTE.

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